quinta-feira, 18 de julho de 2013

RENASCER

Visito a página de meu amigo do face  e eis que me deparo com um  lindo poema , publicado em sua página. Me encantei!!!! ....Enviei uma mensagem ao autor (BETO RIBEIRO), que autorizou a publicação neste modesto blog. . Muito lindo!!!!!!!!!!!!!!! Mantive a mesma foto da publicação no seu blog.


Foi seu o parto... E meu o partir...
Renasci de um tal sentimento bastardo,
por um corpo gerado, molhado partido
sem dar tempo ao tempo, nem ao gemido...

Expelido fui, comprimido... Sem Comprimido...

Acordei com vida nas entranhas,
larguei o casulo, num pulo,
situei a visão procurando galho,
que um dia fui folha e falho...

Iluminei o escuro porão da ilusão,
com raios ao tédio que cercou-me em grilhão...

E aos anos passados em mares abrandados,
da razão sem razão, me despertei por um não...
Larguei vento, rasguei em espaço lamento
pra viver um porvir, que veio ao amor pelo sono lento...

Que tarde... Sem hora, que por agora foi embora...
Senhora que do ventre seu, pariu um eu...

E da dor restou apenas o cordão,
da água um pingo... Um grão.
Da batida espremida, lembro somente a canção
de um coração que pulsou... Berrou e chorou,

Se foi seu tempo mulher...
Deixou para trás corpo nu, o meu...
Sem fé ou sentir divino, mas,
religiosamente por ti um sentimento...

Ateu...

(Beto Ribeiro)


Canção de Outono

Perdoa-me, folha seca, 
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo, 
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão, 
se havia gente dormindo 
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles 
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono 
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...

(Cecília Meireles)

Escrever

Escrever é esquecer.
A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida.
A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm.
A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura.
Essa simula a vida.
Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa.
Um poema é a expressão de idéias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.

( Fernando Pessoa)