15 de JULHO - DIA DO HOMEM - Nesta data homenageio todos os homens com o poema abaixo:
Que quando chego do trabalho ela largue por um instante o que estiver
fazendo
- filho, panela ou computador - e venha me dar um beijo como os de antigamente.
Que quando nos sentarmos à mesa para jantar
ela não desfie a ladainha dos seus dissabores domésticos.
E se for uma profissional, que divida comigo o tempo de comentarmos nosso dia.
Que se estou cansado demais para fazer amor,
ela não ironize nem diga que "até que durou muito" o meu desejo ou
potência.
Que quando quero fazer amor ela não se recuse demasiadas vezes, nem fique
impaciente ou rígida, mas cálida como foi anos atrás.
Que não tire nosso bebê dos meus braços dizendo que homem não tem jeito pra
isso, ou que não sei segurar a cabecinha dele, mas me ensine docemente se eu
não souber.
Que ela nunca se interponha entre mim e as crianças, mas sirva de ponte entre
nós quando me distancio ou me distraio demais.
Que ela não me humilhe porque estou ficando calvo ou barrigudo, nem comente
nossas intimidades com as amigas, como tantas mulheres fazem.
Que quando conto uma piada para ela ou na frente de outros, ela não faça um
gesto de enfado dizendo "Essa você já me contou umas mil vezes".
Que ela consiga perceber quando estou preocupado com trabalho, e seja
calmamente carinhosa, sem me pressionar para relatar tudo, nem suspeitar de que
já não gosto dela.
Que quando preciso ficar um pouco quieto ela não insista o tempo todo para que
eu fale ou a escute, como se silêncio fosse falta de amor.
Que quando estou com pouco dinheiro ela não me acuse de ter desperdiçado com
bobagens em lugar de prover minha família.
Que quando eu saio para o trabalho de manhã ela se despeça com alegria, sabendo
que mesmo de longe eu continuo pensando nela.
Que quando estou trabalhando ela não telefone a toda hora para cobrar alguma
coisa que esqueci de fazer ou não tive tempo.
Que não se insinue com minha secretária ou colega para descobrir se tenho
amante.
Que com ela eu também possa ter momentos de fraqueza e de ternura, me desarmar,
me desnudar de alma, sem medo de ser criticado ou censurado: que ela seja minha
parceira, não minha dependente nem meu juiz.
Que cuide um pouco de mim como minha mulher, mas não como se eu fosse uma
criança tola e ela a mãe, a mãe onipotente, que não me transforme em filho.
Que mesmo com o tempo, os trabalhos, os sofrimentos e o peso do cotidiano, ela
não perca o jeito terno e divertido que tanto me encantou quando a vi pela
primeira vez.
Que eu não sinta que me tornei desinteressante ou banal para ela, como se só os
filhos e as vizinhas merecessem sua atenção e alegria.
E que se erro, falho, esqueço, me distancio, me fecho demais, ou a machuco
consciente ou inconscientemente,
Ela saiba me chamar de volta com aquela ternura que só nela eu descobri, e
desejei que não se perdesse nunca, mas me contagiasse e me tornasse mais feliz,
menos solitário, e muito mais humano.