sábado, 2 de novembro de 2013

Vida Sempre

Entre a vida e a morte há apenas 
o simples fenómeno 
de uma subtil transformação. A morte 
não é morte da vida. 
A morte não é inação, inutilidade. 
A morte é apenas a face obscura, 
mínima, em gestação 
de uma viagem que não cessa de ser. Aventura 
prolongada 
desde o porão do tempo. Projectando-se 
nas naves inconcebíveis do futuro. 

A morte não é morte da vida: apenas 
novas formas de vida. Nova 
utilidade. Outro papel a desempenhar 
no palco velocíssimo do mundo. Novo ser-se (comércio 
do pó) e não se pertencer. 
Nova claridade, respiração, naufrágio 
na maquina incomparável do universo. 
(Casimiro de Brito)