domingo, 1 de dezembro de 2013

Saudação à noite

A noite é uma mãe gentil e acolhedora
Não descrimina ninguém e nem a nada
Onde cada qual faz-se tudo que adora
De tão tarde, chega cedo a madrugada
vida parece simples, divertida
E ética é comumente desconhecida
 
Os boêmios alegres em nostalgia cantam
As damas prazerosas ficam a dançar
Velhos embriagados passados nos contam
E outros mais do que espertos bebem sem pagar
Enquanto o ponteiro anda despercebido
Tudo aparenta ser mais que divertido
 
Dentro da linda noite que a nós liberta
Só há uma certeza que a vida nunca é certa...

(Ederson Arcanjo Barbosa)


SONETO DE AMOR

Plena mulher, maçã carnal, lua quente, 
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, 
que obscura claridade se abre entre tuas colunas? 
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, 
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, 
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, 
e o fogo genital transformado em delícia 
corre pelos tênues caminhos do sangue 
até precipitar-se como um cravo noturno, 
até ser e não ser senão na sombra de um raio.


(Pablo Neruda)