segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Perdão

Eu te perdôo pela palavra não dita 
Refugiada na solidão dos teus lábios 
Entre os beijos que amordaçaste 

Eu te perdôo pelo carinho adiado 
Tatuado na insônia do teu corpo 
Entre os sonhos que não dormiste 

Eu te perdôo pelo olhar aflito 
Desenhado no deserto do teu rosto 
Entre os gritos de silêncio que guardaste 

Eu te perdôo pelo abraço apenas imaginado 
Sonâmbulo a ansiar o calor dos meus braços 
Entre os luares que teus olhos apagaram 

Eu te perdôo por sufocares teus desejos 
Exilando-os na penumbra do teu coração 
Entre os invernos perenes da tua alma 

Eu te perdôo pelas vezes que te esperei 
Quando teus passos emudeceram 
Entre as fronteiras dos teus limites 

Eu te perdôo pela tua renúncia 
Por amontoares teus sonhos em gavetas 
Entre tantos outros estilhaçados pelo tempo 

Eu te perdôo por te perderes de mim...



(Fernanda Guimarães)